terça-feira, 3 de março de 2015

Rat Queens: Braga #1 e Outras Cousas

Antes de tudo, queria dizer que sou apenas um carinha qualquer, cis e heterossexual. E, portanto, obviamente, minha opinião pode ser totalmente desconsiderada... Vocês logo entenderão o motivo disso. Fora isso, se você curte Rat Queens e não leu esta edição ou não conhece e quer ler a publicação mensal regular antes de saber mais sobre Braga, volte outra hora - teremos spoilers




Antes de ir ao que interessa, um resuminho: Rat Queens ê uma publicação da Image Comics que trata, basicamente, de "um grupo de RPG formado por personagens femininas". Quer dizer, trata de uma maga, uma clériga, uma guerreira anã e uma ladina - de uma raça que lembram hobbits, mas tem outro nome, aqui - num mundo de fantasia medieval onde enfrentam exércitos orc e homens-fungo, bebem em tavernas, lidam literalmente com intervenção divina, transam e muito mais. Em outras palavras, um gibi bem legal. 



Contudo, o que chama atenção nesse one-shot focado em Braga, uma guerreira orc de um grupo rival das Rat Queens e que, apesar disso, enfrenta o supracitado exército orc para ajuda-las, é a origem de Braga, tão simplesmente:


Braga foi Broog, um "orc macho". Tipo, assim. Braga acorda, prepara um café para ela e para o cara que passou a noite – uma noite muito ativa, ao que tudo indica – a a e conta, enquanto bebem, de onde veio e porque deixou o lugar. Não fica muito claro se esclareceu sua transexualidade ou se o carinha ali lida sem problema com isso, mas a personagem afirma que gosta da cidade onde vivem, agora, porque todos a aceitam sendo ela quem é. 

Como filho de um líder orc, Broog estava destinado a assumir esse papel, mas deixou tudo para trás por motivos bem típicos para esse tipo de história: seu irmão mais novo queria o cargo, mas precisaria matá-lo para isso e, de fato, tentou; o pai o achava zoado e fraco, e foi conivente com o assassinato; tinha um problema com a cultura orc de somente “matar-pilhar-destruir” tudo... Essas coisas. Quando a treta toda rola e, pra piorar, seu melhor amigo é assassinado, abandona mesmo seu passado.



Assim, não fica claro se Braga queria ser uma mulher desde sempre ou se foi uma forma de “esconder sua identidade” de forma inquestionável. Também não se mostra como a “mudança” ocorreu – num mundo de magia, essa seria a opção mais óbvia e, inclusive, a “transformação” ser “total”; de repente, Braga se sujeitou a uma “maldição” (Ranma ½? Alguém?) propositalmente ou recebeu uma graça divina... Na boa, eu iria achar muito genial se uma divindade aparecesse concedendo o simples desejo da personagem.

Por outro lado, a simplicidade e falta de maiores detalhes – vi alguns reviews se referindo ao roteiro do título como “raso”, “simplista” – tornam tudo muito mais decente do que, por exemplo, o que rolou em Batgirl, recentemente... Kurtis Wiebe, o roteirista – que também é apenas um carinha qualquer –, deve ter considerado, em algum momento, a possibilidade de falar alguma merda totalmente fora da sua “área de conhecimento”.

Enfim. Eu curto muito fantasia. Seja na literatura, nos videogames ou nos desenhos que eu mesmo faço, é uma temática que sempre me atrai. Por isso, e considerando que diversidade é tão rara na mesma – e ai daquele que tentar dizer pela internet que podiam ter mais [insira minoria da sua preferência aqui]! –, uma orc trans é tão necessária e genial quanto, sei lá, uma ~princesa transformar-se em ogro por amor verdadeiro~.



Não, mentira; uma guerreira orc de nível épico e trans é bem mais genial que isso. Ainda mais quando se mostra tão feliz consigo mesma e realizada. :)

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