terça-feira, 30 de setembro de 2014

Sobre Meninas e Games 1.0



Resolvi dar uma retomada nesse assunto porque, hoje, rolou algo muito legal: estava jogando Destiny no Xbox e, por umas duas horas, conversei e mantive no "meu esquadrão" com a Laila, uma menina de uns 12 anos.

Quem me conhece e/ou já leu a meia dúzia de textos e afins que tenho espalhados nessa internet sobre o tema, não vai estranhar, mas acredito e endosso muito a importância da representatividade na cultura pop - seja nas HQs, no cinema, nos desenhos animados ou, enfim, nos games! Pô, até meu TCC foi um bocado sobre isso...

E isso ficou mais evidente ainda por causa da Laila.

Bom, eu não preciso entrar muito no mérito da questão. Já foi veiculado até em grandes portais de notícias a grande participação das minas no "cenário gamer" e já falei da Anita Sarkeesian e outrs aspectos por aqui. No mais, você também, eventual leitor, pode pesquisar um bocado. 

O que mais me chamou atenção, nessa coisa toda, foi que, nessa eventualidade, percebi várias coisas maneiras sobre games e as Lailas do mundo. Primeiramente, Destiny é, enfim, um "jogo de tiro"... E lá tava a menininha! Portanto, alguns comentários desta entrevista já tão sendo corroborados, não? Fiquei muito impressionado pelo fato da Laila estar nos níveis mais alto do jogo e, naquele meio tempo, enfrentamos algumas das missões mais difíceis para nossos respectivos níveis. 



E a Laila não desistiu! Me dava cobertura, ressuscitava meu manolo e ouvia atentamente minhas dicas pra evitar alguns dos cramunhões... E, tipo, ela vivia o jogo! Não tem como explicar melhor, mas cês precisavam ver a frustração quando QUASE fomos totalmente derrotados e, depois, a alegria quando evitamos a morte virtual certa e uma mera dezena de tiros matou o Phogot lazarento! 

Aí, entrou outra questão maneira - e nem preciso me prolongar nela; é muito discutida - é que, seguindo aquele pegada MMO, esse é um jogo onde você pode "criar" seu personagem. Portanto, a Lailinha não precisa jogar com um "homem branco muito macho com barba por fazer e voz rouca". De fato, ela jogava com uma personagem feminina, seja lá como for a cara da mesma - durante os combates, tu não vê o "rosto" do personagem; só o capacete que o tal usa.



Com isso, é fácil perceber: se a menina tá lá no Destiny e gosta muito de jogar com alguém que ela se identifica, mesmo que o mundo do jogo seja "surreal", por que é tão difícil entender que, na real, tem uma porrada de gente aí mundo afora querendo um personagem que lhe "diga algo" em seus games favoritos? Ou que, simplesmente, parece alguém que exista tanto lá quanto no interior de, sei lá, Roraima? Como citado, a Laila, com seus doze aninhos ou pouco menos, tava vivendo aquele momento. Era o momento dela, no jogo. E não poderia ser de mais gente?

Infelizmente, tem muito coxinha nessa internet de meu Deus que discorda e, simplesmente, porque acha "desnecessário". Tipo, não pode ter personagens de minorias em um Mario Kart de merda. E eu li essa afirmação sendo feita mesmo! Para eles, seja lá o que tu for, se contenta que dá pra usar um avatarzinho qualquer ali e pronto. Porém, isso não fica só no da Nintendo; dá pra citar os Metal Gear Solid, The Last of Us, quase todo jogo da Ubisoft... E a lista continua e é longa.

Enfim, o caso é que o mundo precisa, sim, de mais gente como a gente nos cinemas, nas HQs, nos games e no que for. Felizmente, a coisa tá andando e pra esse ponto, mesmo que devagar - afinal, tem gente que ainda põe toda a corte egípcia somente como atores e atrizes caucasianos e tá de boa com isso

(Nessas, tu vê que os "garotos brancos da internet" tem de onde tirar suas psicoses... Manter o status quo é mais fácil, né?)

Afinal, enquanto experiências culturais e pessoais, negar que cada um perceba ou vivencie aquilo de acordo com sua realidade é irreal, presunçoso e muito errado. Os games - e a mídia que for - precisam pensar mais em todas as Lailas que tem por aí. As Lailas curtem, sim, matar monstros, enfrentar o mal e querem ser como a Gamora ou como esta Batgirl...



...Sem falar em todas as outras opções. Se é bom pra Laila, pode ser bom pra todo mundo mais. :)

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