Nem bem acordo e vejo que o Google está homenageando o criador da Família Addams: Charles Addams! Que emoção!
Bom, sinceramente, não falarei muito sobre o criador.... Isso, você pode encontrar em qualquer Wikipedia da vida ou pesquisando um pouco mais em vários outros sites. O trabalho dele, afinal, marcou gerações.
Entretanto, falar sobre esta Família... Para começar, ela é bem melhor que a minha! Os Addams foram, na minha infância, um exemplo subjetivo de dinâmica familiar. Depois de mais velho, percebi que, nos filmes, a proposta era outra, mas falo disso depois...
Pela minha idade, é meio óbvio que tive o primeiro contato com os filmes dirigidos por Barry Sonnenfeld, em 1991 e em 1993, e estrelados por Anjelica Huston, Raul Julia e Christopher Lloyd.
Assim, fora o fato dos filmes terem sido, inicialmente, o que eu conhecia de Família Addams, devo dizer que nunca gostei do desenho e o seriado de TV, que assisti anos depois, tinha uma ou outra sacada boa, mas não me convenciam - talvez, hoje, aceitando anacronismos, eu encarasse melhor...
No primeiro filme, então, tínhamos o suposto retorno de Fester Addams - o popularmente conhecido, no Brasil, como Tio Chico... - e toda a intriga e tramoia que isso poderia ocasionar, dado o envolvimento dos "vilões da história". Sinceramente, como é um filme de "apresentação", por assim dizer - afinal, tinha uma caçambada de gente que, na época, não conhecia os personagens -, é mais lento e com uma história linear, focando-se apenas na trama dos Addams.
Entretanto, pessoalmente, creio que o ponto alto do filme é no momento em que 95% dos Addams são expulsos da propriedade da família, e vão viver num motel barato... A cena é clássica e, entre sucos de limão radioativos e história infantis contadas do ponto de vista de uma vítima de perseguição - aaah, Mortícia -, temos Gomez ligando para um programa de auditório - ao estilo Oprah e Casos de Família - para "denunciar" casos de possessão demoníaca, voodoo e tal... É uma crítica óbvia ao comportamento de, sei lá, 89% da população americana (Se você frequenta o 9gag, sabe o que é...) e, na situação do patriarca atual dos Addams, denota um vazio existencial que é bem comum de gente educada e "abastecida" pela televisão... Diferente de um Addams, que é pura criatividade, curiosidade e sem preconceitos!
A história continua, claro, daí, mas foi nesse ponto que entendi melhor o que eram os Addams. E veio o segundo filme, Addams Family Values - quando morei em Manaus, tinha uma loja que, afixado na parede, estava o pôster original desse filme e quase me tornou um ladrão, de vez... - e, nele, Fester Addams encontrou o amor!
É, a história com Debby, a típica Viúva Negra dos thrillers, é um show à parte - e tornou, para muitos, Joan Cusack digna de muitos faps... -, mas, aqui, saímos um pouco da trama contida e os personagens dividem-se e vivem seus próprios contextos. Tudo resultará em um final apenas, mas foi foda perceber que Wednesday e Pugsley, Fester e Gomez e Morticia tinham, sim, como ter "histórias solos".
Aí, fora a crítica gritante que Debbie Jellinsky representa - uma patricinha extremamente mimada e que, para "ter tudo que merece", se torna uma assassina serial - temos os momentos de Wednesday (Vandinha?) e Pugsley (Feioso?) no acampamento de férias, convivendo, talvez pela primeira vez, com crianças da sua idade...
E, aqui, temos a suprema crítica ao modo de vida americano... Ao modo de vida de todo mundo! De boa, a Rede Glóbulo só passa isso, ainda, na Sessão da Tarde, porque só tem criança e vovós assistindo, praticamente, e porque acha que ninguém vai sacar...
Cara, é foda demais! Nesse "núcleo" da trama, Wednesday e Pugsley vivenciam e são oprimidos por ideais que seus pais não os passaram, que não aceitam e, o que é pior, parecem o moralmente correto! Por exemplo, durante uma chamada, todas as meninas loiras e bonitas são reconhecidas facilmente e logo, enquanto os "párias" ficam para trás - os Addams, uma cadeirante, um asmático e um menino negro que não tem nem o nome dito corretamente!
Enfim, a coisa continua, tem outras cenas do gênero e, mesmo assim, os jovens Addams mostram que possuem tudo que precisam e que isso não virá daquele "ideal de sociedade" do acampamento... Por fim, o grande momento dessas "férias" seria a apresentação do dia de Ação de Graças estadunidense - aquela coisa toda lá, você sabe - e, mesmo antes, na seleção dos "atores" nota-se que os "indígenas" são, mais uma vez, os proscritos - não muito diferente da realidade, né?
Nós não podemos partilhar o pão com vocês! [...] Vocês [os peregrinos] tomaram a terra que era por direito nossa. Daqui em diante, por muitos anos, meu povo será forçado a viver em trailers e reservas. Seu povo vestirá cardigans, e beberá highballs. Nós venderemos braceletes nos acostamentos, vocês jogarão golf e aproveitarão hors d'oeuvres quentes. Meu povo terá dor e degradação. Seu povo terá câmbio automático. Os deuses da minha tribo falaram. Eles dizem, "Não confie nos Peregrinos, especialmente em Sarah Miller".
Depois disso, vira anarquia, que vira caos, e é assim que, novamente, um Addams mostra como as pessoas reagem e cerceiam o que é diferente... E é aplicável aos indígenas, aos negros, aos pobres e qualquer outro tipo de excluído de qualquer lugar do mundo! Cadê, agora, a revolução?
É, maluco! Quase 20 anos atrás, os Addams já discutiam coisas que, agora, as pessoas estão começando a perceber! Não sei se era a intenção de Charles Addams ao criar os personagens, mas os filmes assumiram isso e fizeram, sem dúvida alguma, muita gente pensar...
Certamente, ambas as produções foram o melhor da década de 1990, onde muito, muito lixo cultural foi criado... Se você não assistiu ou nunca assistiu com esses olhos de "criticização", assista! Tua mente vai explodir! Obviamente, não citei todos os momentos onde você pode ver uma "mensagem subliminar de contestação"...
E, se isso não servir de incentivo, lembre da Christina Ricci!
Hmmm, Christina Ricci... Nham...
Ai, se eu te pego...
...
Hã... Quer dizer, eu--
...Até a próxima!
Horror Emanuel!
ResponderExcluirFamília Addams é um dos meus seriados prediletos até hoje. Os filmes foram bons também, mas não se comparam ao periódico.
Vez ou outra passa na TV a cabo e me divirto horrores.